02 de Setembro do Ano Passado

02 de Setembro do Ano Passado

A Chapter by Rafael Castellar das Neves

 

Oi, doutor! Como tem passado?

É, faz tempo mesmo. A coisa não ficou muito boa para o meu lado não, doutor. Passei um mal bocado e fiz uma visita ao hospital, mas voltei, eh-he!

 

Ah, o seu Mané contou? Pois é, doutor, foi aquela tossinha chata que estava me acompanhando da outra vez.

É verdade, o senhor bem que avisou, mas, doutor, o senhor sabe como é, aqui fica difícil cuidar destas coisas. A gente não tem muito o que fazer a não ser enfrentar de frente.  O que dá para fazer é manter a cabeça firme. Se a cabeça fraquejar, corpo nenhum aguenta. Então eu vou tentando manter a cabeça livre, sem esse peso para evitar que tudo se arruíne de vez. É como conversamos outro dia, doutor, a cabeça, chega uma hora, que desarma para aguentar, mas se ela se voltar preocupada para uma doença, aí fica tudo danado, porque ela vai é acabar trabalhando junto com a doença para derrubar o sujeito que não tem nada para fazer. Fácil não, doutor!

 

Então, doutor, depois daquele dia que conversamos esfriou mais, o senhor lembra? A chuva durou mais um pouco e o tempo secou, aí o frio foi de lascar. Aquela tossinha foi piorando e piorando, e virou uma tosse mais seca. O peito carregou bastante e ficou chiando muito. Chiava mesmo acordado, em pé, sentado, de qualquer jeito. Isso foi piorando durante uns dois dias. Seu Mané até quis tentar um médico de alguma forma, mas eu neguei dizendo que estava melhorando. E estava mesmo, doutor, melhorou bem, ficou bem mais forte, eh-he! Brinco agora, mas não foi brincadeira não. Mas eu queria evitar a dor de cabeça do seu Mané e tentar me manter firme. Sei que não se consegue médico para gente como eu, a não ser em últimos casos, se é que o senhor me entende. E o seu Mané ia ficar nervoso, o que não seria bom para aquela pressão alta dele. O Cidão andou passando por aqui nos fins dos dias para me ver, trouxe remédios e chás que a mulher do seu Mané mandava, mas não adiantou muito não, a coisa estava pega.

Além de tudo, doutor, veio a fraqueza. A gente já não come direito e essa situação me deixou sem apetite também. Não tinha fome para nada. Até tinha uma fomezinha vez ou outra por conta da falta de comida mesmo, mas era bem pouco. O pessoal das sopas das madrugadas também passou por aqui naquelas noites e vinham nas horas boas, quando essa fome leve me pegava. Acho que sem isso a coisa seria um pouco pior, elas me mantiveram um pouco mais firme, e o senhor sabe como é, sopinha quentinha numa noite fria é muito bom! Mas, como eu dizia, a fraqueza veio e fazia a cabeça ficar pior, logo, tudo piorava. A gente fica sem vontade das coisas também, sabe? A gente acaba entregando a rapadura e aí a doença reina. E não foi diferente, acho que uma semana depois da nossa conversa, eu passava quase o tempo todo deitado, com dores no corpo e aquela tosse danada. Aí, doutor, teve uma noite, acho que era uma quinta-feira, eu acordei tossindo muito, mas muito mesmo. O peito roncava ao respirar e quando tossia parecia ter uma bola de espinhos que rasgava tudo por dentro, sabe? Doía muito a cada tosse. Tossir passou a ser muito difícil e comecei a sentir medo. Mas o medo de verdade, de verdade mesmo, veio alguns minutos depois quando minha garganta começou a se fechar. O ar não vinha, doutor. Ao mesmo tempo em que eu tentava trazer ar para dentro, eu tossia com aquela dor. O corpo começou a amolecer, não sei se pela falta de ar porque a pressão estava caindo, mas fiquei todo amortecido, formigando. O ar quase não entrava e esse pouco que entrava era expulso pela tosse descontrolada que acontecia cada vez mais. A vista começou até escurecer, doutor. O senhor imagina como eu fiquei com medo! Então, veio uma tosse mais forte que chegou a me engasgar. Sabe quando a gente vai vomitar, que a gente perde o controle sobre o respirar, então, foi assim que fiquei: engasguei e tudo começou a girar. De repente, com muita dor, saiu uma bola de catarro �" o senhor me desculpe doutor �" muito grande, grossa e cheia de sangue! Isso mesmo, doutor, tinha muito sangue e chegou a escorrer pelo queixo. Eu entrei em desespero e tive certeza de que minha hora havia chegado. Lembro que quando vi o sangue, olhei para os irmãos que estavam assustados olhando para mim e tudo escureceu.

Eles correram até seu Mané e o acordaram. Mais uma vez, o seu Mané foi esperto ao pedir a ambulância não dizendo para quem era, mas na mesma hora o pessoal da sopa da madrugada estava chegando e, ao perceber a demora da ambulância, eles mesmos me enfiaram na Kombi e me levaram para o hospital. Disseram-me que seu Mané ficou muito nervoso e os irmãos mais ainda. O senhor sabe, a gente vive junto e acaba criando um sentimento uns com os outros. Aí, doutor, o pessoal da sopa da madrugada saiu correndo comigo, nem sei se ambulância chegou, mas me levaram a um pronto socorro aqui perto. Disseram que deu trabalho para me receberem, parece que tentaram indicar outro, sem motivo aparente, mas o moço da sopa da madrugada insistiu bravo e obrigaram o pessoal a me atender, eh-he! É o que falo, doutor, o pessoal por aí não quer muito a gente por perto.

Quando cheguei ao hospital, eu quase não respirava mais. Estava gelado e desacordado. Para piorar as coisas, estava tudo cheio. Acho que é a época do ano: junta o frio, o ar fica seco, mais poluição e as pessoas adoencem mesmo. Só sei que me puseram em uma maca, me levaram para dentro, mas me deixaram no corredor, o senhor acredita? Mesmo estando do jeito que contei para o senhor, fiquei no corredor desacordado. A sorte minha foi que o moço da sopa da madrugada não se contentou em me levar para o hospital e em brigar para me aceitarem como paciente, mas entrou às escondidas para ver o que haviam feito comigo. Quando ele me viu no corredor, armou um baita fuzuê e quase pegou um médico novo pelo pescoço, eh-he, foi o que me contaram, doutor. Rapaz bom esse, não é? Se é, pois se não fosse ele, acho que eu teria morrido ali mesmo, no corredor do hospital. Quer dizer, o mais difícil tinha sido feito, que era eu entrar como paciente no hospital; aí ia bater as botas por falta de atendimento.

Ah, doutor, já pensei nisso sim, que eles poderiam não ter me atendido por eu ser gente da rua, mas prefiro não pensar muito assim não. Sabe por quê? Eles me atenderam no corredor mesmo �" claro que depois da briga do moço, eh-he �" mas foi quando eu acordei. Eu ainda estava no corredor, na maca, e estava tomando soro com algum remédio que o deixava amarelado. Acordei fraco e ainda atrapalhado. Depois de um tempo consegui olhar em volta e vi que o corredor estava cheio, então os quartos também deviam estar lotados. Acho que tinha má vontade e falta de gente pra dar conta de tanta gente doente. Tinha enfermeiro com simpatia, tinha médico que tratava a gente como se fôssemos a folha da prancheta no pé da maca, e assim foi.

Como ainda estava zonzo, logo dormi e acordei só na manhã seguinte. O lugar não era muito bom não, doutor. Apesar do frio, o sol levantou e requentou as paredes do hospital e aí começou a subir um cheiro muito ruim, sabe, cheiro de gente misturado com remédio, cheiro de feridas. Eu devia estar colaborando com aquele cheiro todo. O corredor era amarelado, não pela cor da pintura, mas da sujeira mesmo. O chão não via uma vassoura fazia tempo e parecia fazer parte dos sextos de lixos. Conforme as horas avançavam, o ar ficava pesado e grosso, o senhor entende? Duro de respirar...

O hospital estava gemendo. Não que durante a noite não estivesse, mas durante o dia piorou. Explico! Eram muitos os doentes, eram muitos os problemas e doenças, e era pouca a gente para cuidar de todos. As dores e as lástimas eram cada vez mais ouvidas e sentidas pelos corredores, pelas portas dos quartos, pelos parentes que passavam pelos corredores e pela gente que trabalhava por lá, que, creio eu, lastimavam também sobre onde eles haviam se enfiado, mas é a vida, né?

É duro isso, doutor. Digo, o sujeito ficar no corredor de um hospital esperando um atendimento ou mesmo sendo tratado. Se ele está no hospital é porque a coisa já não está boa para ele, o senhor não concorda? Pois então, o sujeito vai para o hospital, muito mal, precisando de ajuda e ainda tem que esperar para, quem sabe, ser atendido e resolver a situação toda. E como aquele era um hospital pequeno de bairro �" para falar a verdade para o senhor, nem sei se era um hospital mesmo ou apenas um pronto socorro �" as pessoas que vão até ele não são pessoas de boas condições de vida. São pessoas pobres, sem recursos e às vezes sem ninguém. O senhor veja o meu caso, mas não estou reclamando por mim, eu tenho meus motivos, minhas razões; mas tem muita gente lá que dá pena, doutor. Um deles, por exemplo, que estava em uma maca, um pouco depois de mim, tinha uma ferida muito feia na perna. Não sei se era algo a ver com varizes, um machucado mal cuidado, mas estava muito feio, difícil de olhar sabe? E vou dizer para o senhor, acho que a maior parte daquele cheiro ruim vinha daquela ferida. Ah... Embrulha meu estômago só de lembrar: ela mexia, doutor! Acho que já estava com bicheira, aquele homem a cada pouco urrava �" deviam ser os bichos comendo ele, credo!

Outro caso muito ruim era de uma senhorinha, bem de idade mesmo, magrinha e pequenina. Ela estava deitada no chão, e pelo que consegui ver não era em um colchão, mas em um monte de panos. Tadinha, doutor! Ela gemia de dor, não dormia e falava o tempo todo o nome de um homem que, pelo que ouvi dos enfermeiros, era o filho dela que há muito a tinha deixado em um asilo, não antes de levar tudo o que ela tinha. O senhor veja, a pessoa passa toda uma vida de lida pesada para construir e manter uma família e no fim, tem que passar por tudo isso, sozinha, abandonada, tendo a morte como melhor amiga, pois só ela poderia livrá-la de todo o sofrimento. Triste isso, doutor.

Até criança tinha, doutor! Em cada situação que não dá para acreditar, ainda mais nos dias de hoje. Criança dá dó demais no coração, doutor. É melhor nem comentar estas coisas para o senhor que é pai. É triste e ao mesmo tempo dá uma raiva na gente, sabe? Bom, mas deixa pra lá, não vamos falar disso não.

Sabe, doutor, eu sou um homem abençoado por Deus, tenho muita sorte e por isso não gosto de reclamar. Tudo podia ter sido muito pior, mas graças a Ele, eu estou aqui contando tudo isso para o senhor. Aquelas pessoas sim estavam mal, por isso preferi ficar quieto e aguardar a minha hora e a vontade do Senhor, sim senhor, Graças a Deus, que ele continue assim olhando para a gente, mesmo sendo quem somos e tendo feito o que fizemos!

 

Que nada, doutor, demorou a me atenderem de novo. Quando acordei a bolsa de soro estava no fim e depois que acabou demorou muito para alguém falar comigo. Só no fim da tarde um médico veio falar comigo.

Sim, as pessoas passavam, hora correndo, hora resmungando, mas ninguém parava e eu não tinha coragem de chamar ninguém, sabe como é, eu já estava muito contente por estar lá e achei melhor não aborrecer ainda mais o pessoal, vai que eles se irritassem comigo, como seria? Então fiquei quietinho, procurei não encarar ninguém. Assim foi melhor, doutor, conheço o meu lugar.

Não, doutor, não comi nada e estava sem o soro, né? Mas também não estava com muita fome, acho que o soro estava bem carregado.

Então, o médico veio falar comigo no fim da tarde, era um rapaz novo com cara de estar muito cansado, sabe? Olhou rápido para mim e olhando para a ficha da prancheta me cumprimentou dizendo meu nome. Eu ainda disse que podia me chamar de “Zé”, sabe, querendo puxar assunto, mas ele não deu muita bola. Ficou alguns segundos quieto olhando para a ficha e escreveu alguma coisa. Olhou para o soro e parou um enfermeiro que estava passando. Pediu que me desse outra bolsa daquela com uns remédios que não me lembro os nomes. Então ele virou para mim e disse que eu tinha sorte, que eu estava com uma pneumonia muito forte e que não era para ter passado daquela noite. Sabe doutor, apesar do jeito frio que ele falou comigo, eu senti um alívio danado no peito por poder estar ali naquele momento, mesmo lidando com aquelas palavras e expressões frias. Eu pude enxergar uma boa pessoa sob condições extremas. Era um bom homem num momento difícil, sei como é.

Então, ele me disse que eu estava com uma pneumonia muito forte e que teria que tomar mais alguns medicamentos e ficar sob os cuidados do hospital por alguns dias. Olhando para os lados e pensando em voz alta ele disse algo como “onde será que vamos deixar você?”. Como se estivesse sem resposta, deu um suspiro, anotou mais alguma coisa na ficha e me disse que eu podia ficar tranquilo, pois me recuperaria, contudo que eu ficasse em repouso e sob os medicamentos.

Nunca mais vi aquele médico. Umas duas horas depois daquela conversa veio aquele enfermeiro e trocou a bolsa do soro. No começo da noite uma enfermeira simpática veio e me disse que me levaria para um lugar melhor para minha recuperação. Até pensei que fosse para um quarto, mas ela me levou para outro cômodo. Não consegui identificar o que seria, mas quarto de paciente com certeza não era. Devia ser algum depósito ou alguma sala de atendimento não usada. Era bem pequena e tinha uma janelinha toda cheia de ferrugem que não devia abrir mais. Era mal iluminado também, apenas com uma lâmpada bem fraca que dava a sensação de luz de lampião, sabe?

Fiquei ali mais três dias, tomando aquele soro e, vez ou outra, me traziam algo para comer. O senhor vê como é, nessa situação a comida de hospital é um banquete, eh-he! Mas foi tudo bem, fiquei quieto, dormi bastante, acho que por causa dos remédios, e esse tempo passou rapidinho. No último dia, pela manhã, passou uma médica que, depois de examinar minha ficha e a mim mesmo, me disse que eu poderia ir embora. Ela perguntou se eu tinha alguém para me buscar e eu disse que não e que não tinha problema que poderia ir sozinho. Ela olhou de novo para a ficha e disse que tinha um contato e que pediria para a mulher da recepção ligar. Fez-me várias recomendações, mas a maioria não tinha como ser seguida. O senhor sabe doutor, vivendo aqui e desse jeito, não tem como. Trocaram minha bolsa de soro mais uma vez, almocei e no meio da tarde chegou o Cidão para me buscar. Ah, doutor, o senhor não faz ideia de como fiquei contente ao ver o Cidão! Ele me contou que ligaram para o seu Mané �" devia ser esse o contato que estava na minha ficha �" e que ele tinha ido me buscar. Já pensou, doutor? O seu Mané abriu mão do serviço do Cidão e deu o carro para ele me buscar. Como essa gente é boa, doutor! Sim senhor, graças a Deus! Se não fossem eles, eu nem sei o que seria de mim e dos irmãos aqui. Sem falar do moço da sopa da madrugada, sem ele eu não teria passado aquela noite, Deus me livre e guarde! É... Gente de ouro!

 

Agora estou melhor sim, doutor. Eu sei muito bem que o tempo que fiquei no hospital é pouco para o meu problema, mas eles tinham que abrir vagas lá dentro para atender outras pessoas e eu sou o que sou, não poderia ficar lá mais tempo. Mas cuidaram de mim e fiquei bem melhor. Estou me cuidando aqui, o seu Mané está dando muita ajuda com remédios, sopa, comida e aqueles cobertores ali. A tosse está bem melhor, agora no sentido certo, eh-he. O peito ainda está carregado, mas não como antes, está limpando, sabe? As dores no corpo sumiram, isso sim. A fraqueza diminuiu. Mas reencontrar os irmãos e ser tratado tão bem como estou sendo foi o melhor dos meus remédios, me fez um bem danado, assim como conversar com o senhor aqui agora.

Sabe, doutor, acho que aquele dia fiquei de frente com a morte, mas sou um homem realmente abençoado por Deus e Nossa Senhora, pois tenho pessoas maravilhosas ao meu redor e tive muita sorte de ter sido atendido naquele hospital. Agradeço a Deus todos os dias por tudo isso, sim senhor, pois é...

Que nada, doutor, isso não é nada... É um jeito de ver a vida, o lado bom da vida. Estou vivo, posso continuar aqui a viver cada dia da minha vida e tento tirar proveitos disso. A vida de ninguém é fácil, nem das pessoas que tem de tudo, doutor. Sempre falta alguma coisa, sempre tem alguma coisa que não se encaixa; mas a gente tem que olhar o todo e tentar tirar o melhor possível de tudo que nos acontece para que a balança da vida penda para o lado bom. Eu sempre digo, doutor: são os detalhes que fazem e destroem a vida da gente. Assim como grãos de um castelo de areia. Temos que encontrar estes detalhes, viver os bons e cuidar dos ruins, assim a gente consegue a verdadeira felicidade.

 

Não, não doutor, não há com o que se preocupar. Os remédios o seu Mané conseguiu em uma farmácia da prefeitura e tem o suficiente. Estou muito bem cuidado e me sentindo muito melhor já, graças a Deus! O senhor pode ficar sossegado que ainda estarei por aqui por um bom tempo a incomodar o senhor com minhas conversas, eh-he!

Eu sei disso, doutor, o senhor é pessoa muito boa e faz isso de coração. Quero também que o senhor saiba que essa atenção do senhor me ajuda muito, não só na minha recuperação, mas nos meus dias aqui, simplesmente sendo do jeito que o senhor é. Conversar sempre é bom, ainda mais com quem recebe essas conversas de coração aberto e espírito animado como o senhor. Agradeço muito ao senhor, doutor. O senhor é uma pessoa valiosa e sei que Deus está olhando pelo senhor e por toda sua família. Vocês todos estão nas minhas orações.

Claro, doutor, o senhor fique à vontade.

Combinado! Da próxima vez estarei melhor sim! Pode deixar que vou me cuidar direitinho e o senhor fique despreocupado.

Obrigado, doutor, para o senhor e para a sua família também, passe bem e que Deus lhe acompanhe, sim senhor, obrigado, doutor, obrigado, até mais ver!

 



© 2015 Rafael Castellar das Neves


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Added on December 4, 2015
Last Updated on December 4, 2015


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Rafael Castellar das Neves
Rafael Castellar das Neves

Sao Paulo, Sudeste, Brazil



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Nascido em Santa Gertrudes, interior de São Paulo, formado em Engenharia de Computação e um entusiasta pela literatura, buscando nela formas de expressão, por meio de cr&oc.. more..

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